"Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as arvóres e as flores. É preciso também não Ter filosofia nenhuma." Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as arvóres e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça tudo aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As flores e as arvóres entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver é preciso que a cabeça esteja VAZIA."
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"Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma." Daí a dificuldade: a gente não aguenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor."
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Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos..."
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ESPAÇO DE INFORMAÇÕES, CURIOSIDADES, LUGARES, EVENTOS.. TUDO QUE SURGIR :) E QUE TRAGA ALGUM TIPO DE REFLEXÃO, SEMPRE !
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